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INGLÊS NO CANADÁ PELA SIP

Confira aqui a íntegra da matéria publicada na revista Viagem e Turismo, Edição Especial Cursos no Exterior (Nº 126-A), Editora Abril.

ENGLISH ONLY
Gabriela Aguerre mostra que estudar inglês pode ser um ótimo pretexto para conhecer o país, e ajuda a melhorar (e muito) o 'the book is on the table'

Até há pouco tempo, os brasileiros que quisessem estudar inglês só tinham olhos para os Estados Unidos e o Reino Unido. A escolha se definia pela simpatia por um ou outro sotaque ou cultura.  O Canadá era um gigante desconhecido. Com a dificuldade de emissão do visto americano e o valor alto do euro e do dólar, os olhos dos jovens brazucas têm se voltado para as vantagens desse país. Viagem testou um pacote para uma das melhores escolas, a Global Village, em Vancouver e Toronto.

Meus dois primeiros dias em Vancouver foram de adaptação: fuso horário, família, cidade, casa, tudo diferente. Como 80% dos estudantes estrangeiros, fiquei hospedada em uma homestay, na casa de Paul e Kit Egger, pais dos adoráveis Peter, de 8 anos, e Abigail, de 5. Eles logo fizeram com que me sentisse em casa. 'Faz um ano que recebemos estudantes, pois queremos que nossos filhos conheçam outras culturas', disse Kit. 'O único problema é que elas se apegam a pessoas que sempre vão embora.' Mas, antes de ir embora, quem estava ali conhecendo outra cultura era eu.

Tirar os sapatos na entrada foi a primeira lição. As conversas eram sempre em volta da mesa e, quando um falava, todos prestavam atenção. Havia dois outros estudantes: André, brasileiro, e Ricky, coreano. A escola permite que a homestay receba até três pessoas, desde que cada uma tenha seu quarto. No primeiro dia, mais de 300 alunos se encontraram na Biblioteca Pública de Vancouver para uma gigantesca reunião. O diretor, Paul Maher, faz uma apresentação animada de boas-vindas, dando instruções sobre os detalhes da vida que todos ali terão naquele mês.

Há cerca de 20 brasileiros - a maioria é asiática; em seguida, suíços, espanhóis e uma minoria de outras partes do mundo, incluindo a América do Sul. Quase todos são jovens de, no máximo, 25 anos. 'Nossa política é English Only', explica Paul, gesticulando pausadamente. Isso significa que, dentro da escola, só se pode falar inglês. Mesmo que você encontre outro brasileiro. Até no banheiro. Se você for flagrado, será suspenso. É sério. 'Se a imersão não for total, é muito mais difícil aprender outra língua', diz Geneviève Bouchard, diretora da Global Village deToronto.

No material que recebemos, uma prova. Os professores corrigem e chamam, um a um, para uma entrevista, na qual definem seu nível de inglês. Há oito níveis, do básico ao avançado. Cada sala comporta, no máximo, 12 alunos. Na turma Advanced, onde eu tinha caído, éramos oito: três suíças, quatro espanhóis, e eu. Lorreta Revoczi, inglesa que mora em Vancouver há 11 anos, era nossa professora, descoladésima, nada a ver com o estereótipo de professora de inglês. As aulas eram de conversação. Se por acaso eu me sentisse deslocada, teria a primeira semana para trocar de turma.

Hábitos canadenses vão sendo incorporados aos poucos, como andar carregando a própria mug, aquela caneca metalizada. Na escola não há copos descartáveis: 'Somos ecologicamente corretos', diz Suzzane Saatchi, a diretora de estudos.

Após uma semana, fui para Toronto. Ia continuar meus estudos na mesma escola, mas na outra ponta do país - algo possível, mas não recomendável, pois perde-se tempo e energia na nova adaptação. No aeroporto, quem me esperava era Gary Laundrus, meu homestay father, um pedagogo californiano que se naturalizou canadense quando Bush declarou guerra ao Iraque.

Meu segundo lar era um sobrado aconchegante em um subúrbio da cidade. Ali nos esperava Lloy Cook, mulher de Gary, psicóloga canadense de sorriso aberto. Gary e Lloy me mostraram o centro, a escola, o metrô, me deram todas as instruções para que eu pudesse me locomover tranqüilamente. O passeio não foi nada burocrático: almoçamos num restaurante libanês, caminhamos no parque de Edwards Gardens, tomamos sorvete no Greg´s Ice Cream, andamos pela orla do Lago Ontario, fizemos compras na Bloor Street, folheamos livros na Book City.

Como já era a segunda semana de julho, não participei da seleção, mas fui indicada para a turma Pre-Advanced (a Global Village de Toronto tem outro sistema de classificação). Éramos 12 alunos.

Durante as tardes, passeava nessa cidade gigante e cosmopolita. Ao voltar para casa, Gary e Lloy sempre tinham uma história para contar - e todo o interesse para ouvir. No final da estada, eu já tinha claro que o inglês é apenas uma das coisas que você aprende numa viagem como esta.

O PACOTE

Na SIP -Student International Programs )11/3168-6658, www.siptravel.com.br), 4 semanas de curso na escola Global Village (2 em Vancouver e 2 em Toronto), com aéreos (Air Canada), hospedagem (casa de família), 3 refeições ao dia, traslado e taxas: US$ 2 537.

NOSSA AVALIAÇÃO (Revista Viagem)

ATENDIMENTO
Uma preparação intensa antecede a viagem. Primeiro, a escolha da escola, junto à agente de viagens. Você não embarca enquanto não souber, em detalhes, onde vai ficar, o que fazer no primeiro dia de aula, que roupas levar. Saí daqui com um monte de mapas e contatos. Os funcionários da escola foram profissionais e afetuosos, nas duas escolas que freqüentei.

TRANSPORTE
Na véspera das férias de julho, o embarque, em São Paulo, foi um inferno. Cheguei com mais de 3 horas de antecedência e havia mais gente na fila do chek-in do que assentos no avião. Não deu outra: overbooking. A Air Canada me ofereceu viajar pela Delta, em business class. Foi uma maravilha. Em vez de fazer escala em Toronto, fui via Atlanta.

HOSPEDAGEM
A escola se encarrega de fazer uma seleção criteriosa de famílias - e a casa é escolhida de acordo com o perfil do estudante. Em Vancouver, são mais de 500 e, em Toronto, cerca de 700. Cada casa tem suas regras particulares, mas em geral é assim: você convive com a família (e aprimora o seu inglês!), mas tem um quarto individual (com cama e local de estudo). Se você fuma, não gosta de crianças, detesta animais, tudo isso deve ser visto antes da viagem.

LOCALIZAÇÃO
Tanto em Vancouver quanto em Toronto, a localização das escolas era ótima, em pleno centro. Em Vancouver, o prédio era mais agradável: só escadas, janelas amplas e iluminação natural. Já em Toronto, eram dois andares de um imenso prédio comercial, mas com boas salas de aula. As duas homestays ficavam a 40 minutos da escolas - o que era ruim se eu tivesse pressa, mas ótimo para conhecer a rotina das cidades.

ALIMENTAÇÃO
O café da manhã é self service, mas as duas geladeiras eram fartas em ingredientes. Para o almoço, um lanche feito pela homestay mother. Em Vancouver, Kit preparava sanduíche, suco, fruta e cookies. Em Toronto, era a vez de Lloy: frutinhas, legumes e sanduíche em pão integral. O jantar era o momento de confraternizar com a família. Durante a viagem, sempre comi muito bem.

PASSEIOS
A escola oferece uma intensa programação cultural e de lazer após as aulas. Os coordenadores são bem informados e acompanham os grupos. No inverno, esqui e patinação no gelo estão entre as opções. No verão, é a vez de caiaque e praia. Sempre há tours, atividades esportivas e - pelo menos uma vez por semana - animadas festas.

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